Porque as datas comemorativas aqui em nossa escola são comemoradas de outra forma?
Procuramos sempre ampliar o nosso olhar, enquanto educadoras, com relação ás datas comemorativas e o trabalho que pode ser realizado com as crianças.
Procuramos então, planejar ações nessas ocasiões, em que as crianças rompam com a massificação que a sociedade e a mídia querem internalizam no ser humano, começando pela criança.
Uma palavrinha sobre as Datas Comemorativas!
" É uma característica do ser humano marcar a passagem do tempo de alguma forma, e fazer rituais de passagem e comemoração. Precisamos registrar o tempo. E precisamos, também, de memória. Precisamos marcar datas – lembrar um luto, uma luta, um momento especial, um aniversário, um fato histórico; precisamos homenagear pessoas e lembrar, periodicamente, situações que marcaram a vida de toda uma sociedade.
E toda sociedade estabelece um calendário de datas comuns que são importantes, sejam feriados ou não. São datas que vão pautando nossas vidas e nos fazendo crer quais dias são legais para se comemorar. Essas datas são aceitas por todas as instituições como “oficiais”, e logo acabam fazendo parte da rotina das pessoas. É assim com datas históricas e patrióticas ( Dia da Independência, Dia da Proclamação da República, Dia da Bandeira ), datas afetivas ( Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, Dia das Crianças ), datas festivas e religiosas ( Carnaval, Festa Junina, Páscoa, Natal ), datas simbólicas ( Dia da Mulher, Dia do Índio, Dia da Consciência Negra, Dia da Declaração dos Direitos Humanos, Dia da Paz ), datas culturais ( Dia do Livro, Dia das Bruxas, Dia do Esporte ), datas que marcam eventos naturais ( Início das estações do ano, Ano Novo, Aniversários ) e datas de homenagem ( Dia do Médico, Dia do Professor, Dia dos Animais ).
A escola, por muito tempo, acreditou que fosse importante comemorar todas essas datas dentro de seus portões. Acreditávamos que, ao dar um desenho para pintar com uma imagem sobre um desses temas, ao copiar um pequeno texto, ao fazer uma lembrancinha, pintar o rosto, fazer um trabalho artístico, uma brincadeira, ou fazer uma festa ou ritual religioso ou patriótico, estaríamos inserindo os alunos dentro da sociedade da melhor maneira. Porém, aos poucos, fomos percebendo que, na verdade, nosso papel não era simplesmente reproduzir os discursos sociais… E sim ter sobre eles uma visão crítica… Modificá-los.
E muita coisa mudou. Mudou nossa visão sobre sociedade, sobre história, sobre a escola e sobre o jeito de ensinar. Mudou nossa visão sobre consumo, sobre manipulação, sobre crítica. Mudou nossa visão sobre direitos do homem, da mulher e da criança. Mudou nossa visão sobre arte, sobre cultura, sobre o mundo. Mudaram as famílias e religiões. Mudou nossa visão sobre o que realmente é significativo ou não comemorar dentro da escola, sobre o papel do professor e da professora e sobre como as pessoas aprendem. E diante disso tudo… Como não mudaria nossa visão sobre datas comemorativas?
Não fazemos mais nosso planejamento baseado nessas datas como faziam ( e ainda fazem ) tantas escolas de Educação Infantil. Essa decisão é resultado de um longo processo que durou anos de discussão, e nos custou abrir mão de velhos hábitos que nem sabíamos de onde vinham.
Aqui expomos algumas de nossas razões porque não comemoramos mais alguns dias que todos comemoram sem pensar por quê.
*NÃO COMEMORAMOS DATAS RELIGIOSAS, PORQUE A ESCOLA PÚBLICA NÃO TEM RELIGIÃO
A escola pública, como todo o Estado brasileiro, é laica. E isso quer dizer que não temos nenhuma religião oficial. Isso é uma determinação legal da nossa Constituição Federal, que visa garantir que o Brasil, um país democrático, seja um lugar onde todos possam expressar seus pensamentos e crenças. Portanto, datas como o Natal, a Páscoa, Corpus Christi ou Dia de Nossa Senhora Aparecida, embora sejam feriados em nosso país, não podem ser comemorados com rituais religiosos dentro da escola, porque ações como essas ferem os princípios de pessoas que não são cristãs – pessoas que merecem ser respeitadas como todas as outras. Além disso, não podemos privilegiar uma religião em detrimento das outras, ou até mesmo das pessoas que não professam nenhuma fé. Católicos, evangélicos, ateus, espíritas, umbandistas, budistas, ou representantes de qualquer outro credo – cada família tem o direito de escolher sua religião e tê-la respeitada pela escola sem nenhum tipo de constrangimento.
A mesma postura temos em relação a festas como o Carnaval e as Festas Juninas, que não poderão mais levar nome de nenhum santo católico.
* NÃO COMEMORAMOS DATAS AFETIVAS E FAMILIARES, PORQUE RESPEITAMOS TODAS AS FORMAS DE FAMÍLIA
Já faz muito tempo que não temos mais uma família nuclear estruturada como era feito há 200 anos atrás, com pai, mãe, muitos filhos, avós, tios e primos por perto. Hoje temos outras realidades.
Lidamos com muitas famílias diferentes na escola, e não podemos impor um modelo como sendo o correto. Algumas de nossas crianças são criadas pelos avós, outros são adotados, outros são filhos de casais homoafetivos, outros de pais separados, alguns foram abandonados, outras crianças são institucionalizadas o tempo todo e não conhecem os pais e mães. Algumas crianças são filhos e filhas únicos, outros têm muitos irmãos. Alguns convivem com padrastos e madrastas, e outros, só com o pai ou só com a mãe. Muitos não sabem o que é um carinho de família. Como poderíamos entrar em terreno tão delicado de maneira leviana comemorando datas que não fazem sentido para tantas dessas crianças reforçando um modelo de pai ou mãe que muitas delas não têm?
*NÃO COMEMORAMOS DATAS QUE INCENTIVAM O CONSUMISMO DESENFREADO
Em uma sociedade consumista, individualista e pouco reflexiva como a nossa, um dos meios mais comuns de se expressar afeto é pagar por ele com presentes. Muitas datas comemorativas perderam o sentido para o consumo que a mídia prega de maneira indiscriminada. É assim com o Dia dos Namorados, o Dia das Mães e o Dia dos Pais, a Páscoa, o Natal, o Dia das Crianças, o Dia da Mulher – são datas que perderam seu significado simbólico para a troca de presentes, sem que junto com isso necessariamente haja troca de afeto. Não queremos reforçar essa ideia; antes, preferimos ter uma visão crítica dessas datas, retomando, para nós, o seu significado original, e evitando repassar para as crianças o discurso da mídia que apenas visa fazer todos nós gastarmos mais e mais.
* NÃO COMEMORAMOS DE MANEIRA SUPERFICIAL DATAS QUE COSTUMAM TRATAR COM DESRESPEITO OU DE MANEIRA ESTERIOTIPADA A LUTA DE OUTRAS CULTURAS E GRUPOS DA NOSSA SOCIEDADE
Não faz nenhum sentido comemorar o Dia do Índio com um desenho no rosto ou reforçando ideias que nem existem de fato quando ignoramos, todos os dias, a matança dos povos indígenas que ocorre em nosso tempo, em nossa época, nas lutas por terra e recursos naturais em nosso país; não faz sentido comemorar o Dia da Mulher entregando uma rosa de papel sem discutir a opressão da mulher na nossa sociedade; não faz sentido comemorar o Dia da Consciência Negra com um discurso vazio quando alimentamos práticas racistas em nosso dia a dia sem perceber, por não conseguirmos fazer uma discussão séria sobre o assunto. Por isso, tratamos com muito respeito e seriedade todos esses temas e as lutas dessas pessoas, e procuramos não reforçar preconceitos e ideias que só atrapalham a compreensão das crianças sobre a razão de se homenagear índios, negros, mulheres e outros grupos de excluídos nesses dias especiais.
* NÃO COMEMORAMOS DATAS HISTÓRICAS QUE NÃO POSSAM SER VISTAS DE FORMA CRÍTICA E AMPLA POR NOSSOS ALUNOS E SUAS FAMÍLIAS
A História é uma ciência humana, e como tal, tem muitas visões; e cada visão traz em si uma ideologia, um jeito de ver o mundo, de pensar a vida. É muito difícil dizer que o Dia de Tiradentes mereça ser mais comemorado que o Dia da Conjuração Baiana, se ambos os movimentos buscavam a independência do país; é complicado falar em “Descobrimento” do Brasil, desconsiderando o fato de que aqui moravam índios antes da chegada dos portugueses, e que o Brasil não foi descoberto por acaso; muito estranho falar em Dia da Independência do Brasil, quando ela foi proclamada pelo filho do Rei de Portugal. Nossa História está cheia de fatos controversos e que precisam ser olhados de maneira crítica, e por isso acreditamos que não vale a pena repassar uma visão simplista a nossas crianças sobre essas datas.
* * *
Por essa razão, achamos que muitas das datas que tradicionalmente comemorávamos, não são mais dias legais para comemorar.
Mas isso não quer dizer que somos pessoas amargas, que não gostam de festa e não gostam de comemorar nada. Muito pelo contrário!
O importante é entender que a escola é, sim, lugar de comemoração, mas que seja uma comemoração inclusiva, consciente, transformadora… Feliz para todos e todas que aqui comungam de uma vida em comum."
( excertos retirados do Blog da EMEI Belo Monte)
A partir disso pensamos numa Páscoa em que a massificação que envolve nossas crianças para a compra de ovos e o descarte do humano, não seja validada entre nós.
Realizamos com nossas crianças conversas sobre generosidade, partilha, afeto, amizade, cuidado e juntos preparamos o Bolinho da Páscoa com o apoio da APETECE - Empresa que fornece a alimentação para as crianças , e com doações voluntárias das professoras da escola.
Ingredientes para a confecção dos Bolinhos:
Crianças comendo o Bolinho da Páscoa
Crianças confeccionando o seu Bolinho da Páscoa:
Receita do Bolinho da Páscoa:
Ingredientes:
1 xícara ( chá) de leite
1 xícara de óleo de soja
2 ovos
2 xícaras ( chá) de farinha de trigo
1 xícara ( chá) de achocolatado em pó
1 xícara ( chá) de açúcar
1 colher ( sopa) de fermento químico em pó
Cobertura
2 colheres ( sopa) de manteiga
3 colheres ( sopa) de achocolatado em pó
3 colheres ( sopa) de açúcar
5 colheres ( sopa ) de leite
Modo de fazer
Coloque os líquidos no liquidificador e bata até misturar bem. Coloque os outros ingredientes, sendo o fermento por último. Leve para assar em forno médio, numa forma untada e enfarinhada.
Cobertura:
Para a cobertura, misture numa panela a manteiga, o achocolatado, o açúcar e o leite. Leve ao fogo até derrete e a calda ficar homogênea. Cubra os bolinhos ainda quentes e coloque os confeitos.
( excertos retirados do Blog da EMEI Belo Monte)
A partir disso pensamos numa Páscoa em que a massificação que envolve nossas crianças para a compra de ovos e o descarte do humano, não seja validada entre nós.
Realizamos com nossas crianças conversas sobre generosidade, partilha, afeto, amizade, cuidado e juntos preparamos o Bolinho da Páscoa com o apoio da APETECE - Empresa que fornece a alimentação para as crianças , e com doações voluntárias das professoras da escola.
Ingredientes para a confecção dos Bolinhos:
Crianças comendo o Bolinho da Páscoa
Crianças confeccionando o seu Bolinho da Páscoa:
Receita do Bolinho da Páscoa:
Ingredientes:
1 xícara ( chá) de leite
1 xícara de óleo de soja
2 ovos
2 xícaras ( chá) de farinha de trigo
1 xícara ( chá) de achocolatado em pó
1 xícara ( chá) de açúcar
1 colher ( sopa) de fermento químico em pó
Cobertura
2 colheres ( sopa) de manteiga
3 colheres ( sopa) de achocolatado em pó
3 colheres ( sopa) de açúcar
5 colheres ( sopa ) de leite
Modo de fazer
Coloque os líquidos no liquidificador e bata até misturar bem. Coloque os outros ingredientes, sendo o fermento por último. Leve para assar em forno médio, numa forma untada e enfarinhada.
Cobertura:
Para a cobertura, misture numa panela a manteiga, o achocolatado, o açúcar e o leite. Leve ao fogo até derrete e a calda ficar homogênea. Cubra os bolinhos ainda quentes e coloque os confeitos.
Um comentário:
poxa não tem fotos dos pequeninos, só dos maiores...
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