Construindo Práticas de Alimentação Saudável – 2.014
I. Justificativa:
Os alunos possuíam hábitos alimentares voltados para a cultura familiar, ou seja o que ainda muitas famílias acham adequado como alimentação para crianças pequenas. Alimentavam-se de leites e seus derivados e alimentos pastosos, não utilizando corretamente talheres, pratos de louça, guardanapos, tendo sempre um adulto para fazer a escolha sobre o que deveriam comer e assim servindo-os, em alguns casos, levando a colher até a boca da crianças.
O documento “ Orientações Curriculares e Expectativas de Aprendizagem” da PMSP enfatiza que “ hábitos alimentares são aprendidos pela criança na relação com as pessoas mais experientes, delas recebendo cuidados”(...) “ o professor é o principal parceiro da criança no aprendizado do cuidar de si. Ele necessita estar consciente do conteúdo simbólico das práticas que envolvem às necessidades físicas das crianças...”
Bastava observar os momentos de alimentação das crianças, adultos na posição de observadores, mas não na posição de ensinantes do processo ( como se servir, qual o movimento que faz ao servir-se, como segurar os talheres e os pratos, observar a quantidade suficiente para o apetite ). Bastava também observar o espaço para as alimentações, um local onde cabia tudo: extintores de incêndio, informações destinadas aos funcionários, pinturas nas paredes de grandes berinjelas, mesas sem toalhas, local inadequado para colocação de guardanapos etc
Partimos da necessidade de planejar um processo de aprendizagem sobre boas práticas de alimentação: Desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação, Aprendizagem dos usos sociais na alimentação; Desenvolvimento de gosto por alimentos diferentes do cotidiano infantil; A alimentação num local atraente, onde as crianças tivessem prazer na alimentação, Associação do aspecto simbólico na alimentação; O preparo de alimentos que não são bem aceitos sendo preparados de forma diferenciada.
II. Objetivos:
1. Que as crianças começassem a servir-se através do auto serviço, utilizando de forma adequada os talheres ( garfo e faca), sabendo discernir a quantidade de alimentos compatível com seu apetite;
2. Que as crianças aprendessem a utilizar-se de guardanapo;
3. Que as crianças aprendessem a ter uma postura adequada para o momento da alimentação;
4. Que as crianças fizessem suas alimentações em um ambiente agradável e preparado de forma a se aproximar de espaços socialmente validados para a alimentação coletiva.
III. Etapas Prováveis:
A partir dos momentos de estudo e reflexões das professoras e demais funcionários, destacamos as seguintes etapas:
a). Alimentação como um dos cuidados que devem ser ensinados e aprendidos na escola de educação infantil;
b). Usos e Costumes sobre alimentação ( Regras á mesa, Uso de talheres, etc)
c). A construção de ambientes sociais para a alimentação na escola;
d). Levantamento de acervo literário tratando do tema alimentação para leitura para as crianças;
e). Reativação da horta na escola;
f).Levantamento sobre o que as crianças já sabem e o que precisam aprender e qual é o papel de cada um dos funcionários nesse processo de aprendizagem;
g). A alimentação como função física e simbólica.
IV. Resultados Esperados:
· Desenvolvimento dos Aspectos Físicos e Simbólicos da Alimentação
· Desenvolver bons hábitos alimentares
· Utilizar-se das regras sociais da alimentação ( Uso de talheres, saber usar o auto serviço)
· Desenvolver o gosto por alimentos que não do uso cotidiano
· O cuidado consigo no tocante a uma alimentação equilibrada
V. Recursos Materiais:
Materiais necessários: Toalhas de mesa, Talheres, Pratos de vidro, Utensílios para colocar as saladas; Painéis para a colocação de fotos das crianças se alimentando para serem colocados no espaço de alimentação; Quadros alusivos a área de alimentação e cortina.
Os materiais forma adquiridos com as verbas destinadas às escolas do município de SP e alguns materiais foram doados pelos funcionários
VI. Considerações Finais:
Acreditamos baseados dos documentos oficiais do MEC, da SME – PMSP , entre outros, inclusive estudos teóricos desenvolvidos ao longo da história da educação infantil que as aprendizagens escolhidas por nós são essenciais na primeira infância. Saber comer, Como comer, Saber servir-se fazem parte do currículo da escola de educação infantil.
Na verdade esse é um projeto que está voltado para as questões atitudinais e comportamentais, portanto o produto intermediário e final é tecido cotidianamente e as crianças são os protagonistas . Todos os funcionários da unidade tiveram contato com essas aprendizagens e as famílias também.
Verificamos que quase a totalidade de nossos alunos já adquiriram as aprendizagens propostas em nosso plano. Constatamos que:
· Mudou o olhar das crianças sobre os alimentos servidos;
· Servem-se no auto – serviço de forma autônoma com o apoio do adulto;
· Utilizam talheres ( gafo e faca), Utilizam louça na alimentação ( pratos de vidro);
· Comem todos ao alimentos oferecidos;
· Não existe nenhum desperdício; Não existe sobras;
· Nosso espaço de alimentação é agradável e as crianças têm prazer em se alimentar nele, mantem a limpeza dele.
· Degustação de alimentos novos, promovendo novos hábitos alimentares;
· A não banalização do momento da refeição ;
· Crianças que antes não comiam nada, apenas tomavam leite em casa começaram a alimentar-se com todos os alimentos oferecidos no cardápio.
O projeto está sendo realizado desde o mês de Março de 2012. E necessita da participação de todos os funcionários da escola: Agentes de Apoio Equipe de Limpeza, Inspetores de Alunos, Professores e Gestores e funcionários da APETECE.
O Projeto é divulgado através do Blog da escola, nas reuniões com as famílias e nos eventos intitulados “ Dia da Família”, que inclui a participação das famílias na elaboração e degustação dos alimentos.
Esse trabalho também foi apresentado na Formação de Gestores na DRE PENHA, onde outros gestores e os formadores puderam ter contato com as aprendizagens das crianças, no II Seminário das Escolas com Práticas Sustentáveis da DRE Penha, tendo recebido Menção Honrosa.
É difícil mensurar a quantidade dos atingidos, no entanto o fato de termos possibilitado a todas as crianças da escola que tivessem acesso a praticas alimentares saudáveis já é altamente positivo.
A principal dificuldade foi a ruptura com paradigmas que trazem concepções de que a criança não é capaz de servir-se sozinha; de que a criança não é capaz de comer com os talheres adequados; e de que criança não gosta de determinado alimento. Outro paradigma a ser vencido: Os adultos pensavam que o fato da criança se servir sozinha os exclui do processo, o que precisou ser revisto, pois o adulto é sempre o apoio da criança;
Todos os adultos entenderem que o espaço de alimentação deve ser reservado a essa prática;
A alimentação como integrante do currículo da educação infantil precisando ser organizada, orientada e planejada em cada detalhe.
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